A camuflagem é definida como qualquer coisa que sirva para disfarçar, sendo o termo utilizado na ecologia como característica em que qualquer organismo possui para se confundir no meio em que vive. Entre as 1919 espécies de aves registradas atualmente para o Brasil (Piacentini et al. 2015), algumas utilizam desta artimanha para sobreviverem, e entre estas espécies estão alocadas as aves urubatu e o Urutau. São aves noturnas restritas às regiões mais quentes do novo mundo, e fazem parte de um grupo bem definido, constituído de apenas um gênero, e estão entre as criaturas mais bizarras deste continente. Insetívoros, caçam grandes mariposas e besouros. Nunca pousam no solo e permanecem eretos quando pousam em tocos e galhos, e quanto são perturbados durante o dia esticam-se mais ainda e levantam a cabeça até o bico dirigir-se verticalmente para cima e a cauda tocar no poleiro, isto enquanto a ave observa o perigo através das fendas nas pálpebras (“olho-mágico”), assim, se confundindo com uma ponta de galho seco, e ou como prolongamento de uma folha quebrada de palmeira ou estaca. O urutau-grande, possui 54cm, envergadura de 1m, e peso entre 360g e 600g. Sua coloração se assemelha a do urutal, porém, apresentam-se tons esbranquiçados em sua plumagem e íris parda. Gosta de pousar em árvores de copas altas e de cascas brancas a qual se assemelha com sua veste branca, e ocorre localmente do México e da Guatemala a Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro. O urutau, é a espécie mais comum deste grupo, possuindo 37cm de comprimento, 85cm de envergadura e peso entre 159g e 187g, bem menor que a espécie anteriormente mencionada. Sua coloração é variável, mas marrom, ou mais cinzento e peito com desenho negro compacto. Íris amarela-âmbar, possui canto melancólico, e habita orla de mata, paisagens meio abertas, com palmeiras e outras árvores esparsas, Cerrado e mesmo dentro de cidades, e são ocorrentes da Costa Rica à Bolívia, Argentina e Uruguai e em todo Brasil. A voz do Urutau é uma das mais impressionantes dentre as aves deste país, segundo Sick (1977), lembrando um lamento humano, desta forma, prende-se ao seu canto várias lendas indígenas. Para os povos tradicionais da Amazônia, as rêmiges e retrizes do urutau teriam o atributo de proteger a castidade das meninas, para tanto, a mãe varre debaixo das redes das filhas com uma vassoura produzidas a partir destas penas. Sem nenhuma dúvida estas duas aves são um tesouro entre as espécies ocorrentes no Brasil, pois, além de bizarras são ao mesmo tempo encantadoras, diferentes, únicas e merecem toda a nossa atenção em ações preservacionistas, pois, são dependentes das florestas e vegetação nativas que ainda persistem, onde estas aves tiram seu alimento, aproveitando a incrível abundância de insetos noturnos das regiões de florestas neotropicais, onde para eles possui uma fonte alimentar inesgotável, e áreas ideais para sua reprodução. |